segunda-feira, 11 de abril de 2011

Tem coisa bem pior!

     Certa vez em um debate-papo com minhas PUF amigas , uma delas contou de alguns perrengues que estava passando, e que aprendera a não se lamentar , depois que ouvira uma entrevista com a novelista Gloria Perez, no programa Saia Justa. Quando perguntada sobre o seu câncer, Glória respondeu, tem coisa bem pior. Imagino que para a autora, bem pior foi ter sofrido a dor de perder a filha ainda jovem e brutalmente assassinada.
     Uma coisa puxa a outra, lembrei de uma viagem ao município de Buritis-RO em agosto 2009. Eu estava, junto com uma equipe de profissionais de várias instituições governamentais fazendo palestras sobre Prevenção a Queimadas. No dia da palestra em Buritis, acordei as cinco horas, porque dormira mal ( éramos 4 mulheres e dividimos duas camas de casal, porque era o que o hotel tinha para oferecer). Poderia ser bem pior, no dia anterior dormimos em Rio Crespo, “um lugarzinho no meio do nada”, conexão de internet péssima e dormimos nuns colchões no chão, dentro de uma sala do Corpo de Bombeiros.
     Ainda na linha do "bem pior". As três colegas são todas originárias do sertão nordestino (RN, BA, PB). Na hora do jantar o assunto em pauta foram histórias em comum da vida de cada uma: o machismo da cultura nordestina, os "carinhos" paternos = surras por qualquer coisa, que chegavam ao requinte de crueldade. Mesmo assim elas diziam entender os pais ( o pai principalmente) e os amar. Só a mais nova, manifestou revolta, mesmo não tendo sido da geração que levou grandes surras, mas as que levou marcaram, e foi SÓ por desobedecer o "toque de recolher" do pai, ou porque, aos 11 anos, tombando de sono na madrugada carregando uma tina na cabeça, tropeçou e caiu com a tina e toda a ração para o gado.
     Um delas contou que quando foi para a Universidade em Campina Grande-PB,  ao ver pela 1a. vez o bandejão do RU cheio de comida, ela não conseguia comer só chorava lembrando dos irmãos que ficaram lá no sertão e não sabiam o que era aquilo. Naquela noite, ouvi cada história dessas mulheres, que eu só pude pensar que a minha infância pobre não foi nada perto do que elas viveram. Aparentemente, a delas foi bem pior!

Um comentário:

  1. "Tem coisa bem pior" , me fez lembrar da Flay, que sufoca a Ana Lulu com seus excessivos carinhos, até fazê-la chorar. Justifica:
    "Isto é pra esta menina aprender que na vida, nada é tão ruim, que não possa ficar pior". Vê lá se tem cabimento?!!

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