quinta-feira, 14 de abril de 2011

Munhoz na Espanha

Madri, 15 de junho de 2003.

Prezada Vânia


Fonte Imagem: ilo.wikipedia.org

Dia 13, dia de Santo Antônio, pensei em Lisboa, com a procissão do Santo pelas vielas de Alfama, com o “Te Deum”, no final. Aqui, entrei na igreja de San Martin de Tours. O padre celebrava a missa, com poucos fiéis. O cheiro de incenso me fez um grande bem e senti uma tristeza: de não ser santo. Quando na vida tudo é passageiro, só a santidade tem sentido.

     Depois do Prado e da Rainha Sofia, não se pode deixar de ver o rico acervo do Thyssen –Bornemisza, onde encontrei “Vista das ruínas de Olinda (Recife), Brasil” (1665), de Franz Post. Outra obra belíssima, dentre centenas, é a “Santa Catarina de Alexandria”, de Caravaggio. Fiquei um tempão diante de “Vênus e Cupido”, de Rubens, quadro magnífico. Outro maravilhoso é “Arlequim com espelho” (1923), de Picasso. Na “Virgem da aldeia”, Chagall mostra um anjo beijando Nossa Senhora com o Menino Jesus.

Real Acad. de Belas Artes de San Fernando
A última visita foi à Real Academia de Belas  Artes de San Fernando, onde revi centenas de quadros de Goya, Zurbarán, El Greco, Murillo, Rubens, Ribera (“Santo Antônio de Pádua”) um “São Jerônimo” de Correggio e, perdido, isolado, “A primavera”, de Giuseppe Arcimboldo. Vale a pena vir a Madri, só para tomar um banho de Beleza nos seus museus.

     Um espetáculo com o qual vibrei foi “Carmen” e o Ballet Flamenco Maria Carrasco, que vi no teatro Nuevo Apolo. Maria Carrasco é, segundo a revista Vogue, “nuevo valor Del flamenco”. E o jornal El Balón de Madri qualificou-a de “uma figura bella y poderosa”.

     Gostaria de ver tudo o que há de importante por aqui. Mas a grande frustração, o que nunca vou esquecer, é ter perdido a oportunidade de ver Marcel Marcel, o genial mímico francês, de quem há quarenta anos já falava em minhas aulas de literatura, em Macapá. E o culpado foi o Maiolino, a quem chamei no meu diário de “monstro de egoísmo e insensibilidade”. No dia que cheguei, comprei a revista Clío, de junho. Comprei-a por causa da reportagem sobre “Los tesouros de Bagdad: El último gran expolio”.

Vou deixar Madri, com saudade. Não fui a Paris, mas Madri tem também um grande fascínio. É uma cidade onde a vida parece ser mais bela.

E quais são as novidades? Recebeu alguma resposta do Serge? Que tem feito de bom? Abraços do amigo

Antônio Munhoz Lopes

Notas:
O Serge a que ele se refere , é o marido de Lindanor Celina.
Rachel (Pequena) , espero que goste de ler tua Pátria sob um olhar brasileiro.

Um comentário:

  1. Como já disse antes, no tempo de colégio e da universidade, "viajei" muito nas viagens do Munhoz.

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