CRÔNICA DE VIÇOSA E ALÉM ( Em 19 de junho de 1998, reeditada em 03/03/11)
Finalmente um dia de “calor”, depois de quase 30 dias em que a temperatura se manteve em média de 20 graus de dia e 10 à noite. Na Universidade a greve continua, quase tudo parado. Por sorte a biblioteca não fechou e alguns professores já estão desistindo dessa queda-de-braço com o FHC e seus Ministros, hoje voltamos a ter aulas de Marketing Rural.
Fez um bonito e melancólico pôr-do-sol. Depois da aula aproveitei para fazer uma caminhada na Universidade, enquanto caminhava refletia sobre a vida e a morte, lembrando meu sogro que foi enterrado esta manhã em Belém. Um câncer o matou rapidamente.
Em janeiro, quando passei por lá, vindo das férias em Fortaleza, o Velho estava “ïnteiro”. Me fez o carinho de ir na feira comprar caranguejos e açaí para o almoço em sua casa. Eu, que sempre ando armada com a minha Cânon, desta vez não tirei fotografias com ele e os netos, não pensei que seria a última vez.
Não é porque morreu, mas ele era gente boa sim, sempre alegre, animado, brincalhão. Parece-me vê-lo a dizer : Oi! minha filha, Oi! minha preta! . Vícios, tinha o de jogar baralho e o cigarro que debilitou seu pulmão. Outro “defeito”: mulheres. Quando visitou-nos em Porto Velho, encantou-se com nossa empregada boliviana.
Foi um homem trabalhador, batalhador. Descendente de holandeses, o cearense de Jaguariuna , mais parecia um gringo com seus cabelos ruivos e os olhos muito azuis. Teve duas famílias simultaneamente, na oficial 10 filhos, não sei quantos na “outra”. O Vovô Pepê , em foto de 1992, com a neta Rafaela.
Não deixou bens materiais, mas os herdeiros são o testemunho do seu maior legado: a educação. Assalariado funcionário público, proporcionou que todos os filhos fizessem um curso superior e hoje sejam profissionais qualificados nas mais diversas áreas.
Não poupava fôlego para viajar ao Ceará e Rio Grande do Norte, onde moram parentes. Eu gostava de ouvir os seus relatos das viagens, sempre ilustradas pelas fotos com os familiares que ele fazia questão e tinha orgulho em mostrar. Eu, que sempre tive vontade de conhecer Natal, ainda sonhava que faria esta viagem com ele. Ah! Pepê você ficou me devendo essa!
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Por onde andou seu coração?