quinta-feira, 17 de março de 2011

Sim, fui pobre e ainda me lembro

     No início dos anos 90, em plena era Color, de confisco das poupanças, salários defasados e engolido pela inflação; eu estava com menos de um ano em Porto Velho. Não sobrava dinheiro para os cuidados ou futilidades a que me permito hoje em dia, de ir semanalmente ao salão de beleza. Os cabelos ainda não tinham sido libertos da escravidão dos elásticos e bobies, pelas chapinhas e escovas progressivas.
Assim , quando me vi grávida, pensei que cortar os cabelos curtos, como tinha sido na 1ª. gravidez, seria a solução para a falta de $$  e tempo para os tratos.
Mas onde ir? O único salão que eu conhecia, uma portinha na esquina de casa, fora um desastre ! Quando tentei fazer um penteado para ir ao casamento de uma amiga, sai de lá com um coque, no minimo estranho, que me deixou com cara de irmã evangélica (com todo respeito as mulheres dos cabelões em coque).
Pois bem foi ai que o Dr.Hugo Granjeiro, assessor do Governador Jerônimo Santana, e seu grande amigo Tapioca ( que vem a ser o namorido) resolveram, me indicar o salão do China , que só depois vim a saber, se tratar da barbearia onde o ex-governador aparava as penugens da lateral de sua cabeça careca.
     O estabelecimento ficava em frente a um supermercado do tipo Sacolão ( hoje uma igreja URD) e ao lado de uma pizzaria (hoje estacionamento da Igreja) também de propriedade do chinês. Lá chegando , expliquei ao China como queria cortar o cabelo, ele que falava o português muito mal, deu a entender que compreendia menos ainda.
Abri a bolsa e puxei minha carteira de identidade, mostrando a foto em que eu estava com um penteado a la Chitaozinho&Chororó o must da década passada. O homem coçou a cabeça, chamou uma assistente e tentou explicar para ela o corte a ser feito. A moça se recusou, disse que não sabia. Ele tomou a tesoura das mãos dela e se preparou para atacar!

A essas alturas eu já estava de cabelo lavado e diante daquela confusão, levantei da cadeira, dei um basta: - não quero mais cortar! Quanto custa só a lavagem?
O chinês se sentiu ofendido e insistia em cortar meu cabelo. Vencido, ele cobrou pela lavagem o preço do corte. protestei, mas paguei e pedi nota fiscal, que ele obviamente não tinha. Então ele se voltou contra mim, dizendo que eu era uma mulher “mala” = má, e ficou me xingando em mandarim ou seja lá qual for a língua que chinês fala. Não satisfeito, quando eu já estava saindo, foi até a porta e ficou tomando nota da placa do carro, um Passat79. Me senti roubada e multada!

3 comentários:

  1. Mana, ainda bem que o tempo passou e com muito trabalho a vida melhorou e agora você já não precisa se submeter a um salãozinho chinfrim, pra se apresentar bela, poderosa e segura de si.Bjs!!

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  2. Ah! O título me fez lembrar o Miguel com o seu velho c~havão quando vai contar uma história vantajosa: "Quando eu era pobre..." E depois ainda diz que fui eu que acertei na mega-sena sozinha ao casar com ele. É muito palhaço mesmo!

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Por onde andou seu coração?