domingo, 3 de abril de 2011

Das coisas que não escrevi no livro

     A crônica do post anterior é a segunda de uma série do que pode vir a ser meu segundo livro de crônicas de viagem à França. O primeiro França:um sonho de viagem , lançado em 2003, encontra-se praticamente esgotado. Minha mãe foi uma grande divulgadora e vendedora dos meus livros, mas também foi censora.
     Quando escrevi a primeira versão, mandei uma edição doméstica, que foi lida por quase todos os membros da família, em Macapá. Na crônica Chuva e Chapéu, sobre a visita ao santuário de Nossa Senhora de Lourdes, contei de como ela reclamara da nora, que fora à Paris e não trouxera nem uma medalhinha para ela. Mas quando ela leu, reclamou: - a Ana não vai poder ler esse livro. Eu disse: - deixe, encrenca de nora e sogra é normal e fica até engraçado. Mas ela achou melhor não e eu, por respeito aos seus cabelos brancos, transformei a nora em “filha de uma amiga de minha mãe”, o que não deixa de ser verdade já que a minha mãe e a da Ana, atualmente ex-mulher de meu irmão Ricardo, são amigas.
     Outra implicância de minha mãe foi com o fato d’eu ter explicitamente falado sobre as vizinhas racistas, que arriavam as calças e faziam o que hoje se chama de bundalelê: mostravam a bunda na janela, como forma de humilhar “as negrinhas”. Ah! Mas essa estória eu não concordei em mudar, foi minha doce vingança!
     Minha mãe ainda outro dia lamentou: - eu queria vender um livro para a Lúcia , mas tu colocaste aquela história da bunda! (na velhice a vizinha pediu perdão, voltou a ser amiga)
- Ah! Mãe venda assim mesmo, a senhora acha que elas virão devolver o livro, ou reclamar porque suas bundas viraram personagens?

Um comentário:

  1. Mana, li pra nossa Bibi o post, e ela chorava e ria. Depois falou por que ela não colocou a foto de umas meninas de saia, mostrando a bunda...

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Por onde andou seu coração?