sábado, 2 de abril de 2011

Ela disse não à Paris

Bia e a prima Leticia em Salinas
     Dezembro de 2008. De férias em Belém, tomando banho de mar em Salinas eu disse à minha filha: - já pensou quando estivermos lá na França?
      Para meu desapontamento, ela respondeu: - eu ainda nem sei, se vou mesmo viajar contigo! Já fiquei 30 dias longe do meu namorado, e daqui a menos de três meses ficar mais 20 dias? interrogou-me ela. 
     O namorado, que já fora a razão pela qual retornaríamos das férias na metade do mês, seria agora o empecilho para viajarmos juntas?
     Eu nada disse. Dezoito anos de convivência já foram o suficiente para saber que o DNA do pai é dominante quando o assunto é me contrariar. Com eles (pai e filha) se eu quiser alguma coisa é assim, tenho que não demonstrar muito que quero.
     Retornamos para Porto Velho na madrugada do dia do aniversário do namorado. Ignorando o não “não sei se vou...” daquele dia na praia, continuei com os preparativos. No final de janeiro estávamos com os passaportes tirados e as passagens compradas. O embarque seria em 12 de março, via Rio de Janeiro, para que ela conhecesse a Cidade Maravilhosa.
     De minha parte estava decidida, seria uma semana para estudos de francês e outra de visitas aos amigos. Depois de muito procurar escolas de língua e eventos ligados a minha área profissional, consegui achar uma escola cuja localização e condições de ensino e hospedagem me entusiasmaram, o Centro Internacional de Línguas em Antibes, na Côte d”Azur.
     Minha filha continuou a dar sinais de que não estava empolgada com a viagem. Os argumentos dela, que sempre estudou inglês, era de que ficaria “rodada” por não saber falar francês. Ela ficaria hospedada comigo na escola, sugeri que fizesse um curso de iniciante. As aulas seriam só pela manhã, teríamos a tarde e noite para visitar as cidades do entorno, como Nice e Cannes.
     Fiz uma última tentativa, procuramos programa de intercâmbio rápido em Londres, assim ela iria pra Londres enquanto eu estivesse em Antibes, uma semana depois nos reencontraríamos, para seguir viagem pela França. Também, vimos que haviam escolas de intercâmbio de inglês na própria França, mas além dos preços serem infinitamente superiores ao preço que pagaríamos para nós duas no CIA, minha filha continuava com nhenhenhem.
Cansei! Quando caiu a ficha de que eu poderia ter mais aborrecimento do que prazer em viajar com minha filha, tomei uma decisão que só foi comunicada depois de ter feito: cancelei as passagens dela.
     No final de semana seguinte, quando uns amigos almoçavam em casa, o assunto era esse: como uma menina de 18 anos desiste de uma viagem à Paris?
     A amiga Niura disse que quando fosse avó iria contar para os seus netos que vivera situação semelhante na juventude e, para constrangimento do Jorge, então namorado de Bia, imitando voz de vovozinha ela concluiu: “... quando eu tinha 18 anos, desisti de viajar com minha tia para Paris, por causa de um namorado... Como era mesmo o nome dele?”

Leia AQUI a primeira crônica da Série:  França, um sonho premiado.

Um comentário:

  1. 1º amor, paixão, sonhos, ilusões... É compreensível! Mas certamente agora, se o raio cair novamente no mesmo lugar, mesmo vivenciando um outro amor, a Bia tomará outra decisão. Eu acredito!!

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