quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Pão & Circo
Fui ao banco, e "meu empregado" me abordou: - posso reparar o carro aí , patroa?
Nem dei ouvidos, segui em frente , tentando justificar p/ mim mesma , a minha indiferença.
Um homem jovem, uns 27 a 30 anos calculei. Porque não vai procurar um emprego que lhe garanta as condições minimas de bem-estar? Não é em Rondônia que estão sobrando vagas? ( sei, sei , tem a tal falta de qualificação), mas precisa de qualificação pra capinar um quintal? Estamos há duas semanas procurando por um trabalhador desse genêro.
Ganhar o pão "reparando" (não é o mesmo que fazer reparos) carro é , na minha opinião, oficio de medicância disfarçada de serviço. As vezes penso em expor esse meu ponto de vista ao pedinte com esse perfil, saber o que ele acha. Talvez me contra-argumentasse com coisas que nunca pensei sobre o assunto. Mas cadê coragem, vai que ele se sinta agredido e me agrida também? Melhor não!
Segui, rumo ao trabalho, matutando sobre o assunto. No sinal da rua Nações Unidas c/ Alm. Barroso está o moço dos malabares, jovem também, ganha o pão fazendo espetáculo de circo. Sempre o observo, mas nem sempre dou uma moeda. Achei que ele estava caprichando na performance, com uma jogada a mais por trás das costas.
Desta vez abri a janela e estendi a mão com uma moeda de R$0,50. Era tudo o que tinha no console do carro.
Ele me disse: - Muito obrigado, Deus lhe abençoe!
Para quem tem o pai morto e a mãe distante, foi a benção!
A Cesar o que é de Cesar:
A fotografia acima é de minha autoria, feita em 2008, no sinal da Rua Abunã c/ a Jorge Teixeira. Já a ilustração do flanelinha é do JLLL do blog: Andarilho Motorizado
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