sexta-feira, 11 de março de 2011

Canta Mulher, Chora Mulher

Aconteceria hoje no SESC Rondônia  a  20ª. Edição do show Canta Mulher, realizado pelo Fórum Popular de Mulheres em parceria com o Sesc Rondônia. “O Sassarico Delas”, nome dado ao show, contaria  com a presença de seis cantoras (Elisa Cristina, Neia Moreno, Jessiane Luiza, Gioconda, Laís Fernandes e Raquel Lyrio) interpretando composições de mestres como Lupicínio Rodrigues e Paulinho da Viola, bem como canções de jovens compositores como Roberta Sá e ainda uma homenagem ao sambista porto-velhense Silvio Santos, o  Zekatraca.
Mara ao  lado do marido , na campanha para o governo do Estado
Mas, ao cair da noite chegou a noticia da trágica morte do ex-deputado Eduardo Valverde. Calaram-se as vozes cantantes, show cancelado.

          Muitas vozes chorarão por Valverde, mas sobretudo a mulher Mara Valverde, grande companheira do líder politico, engajada nas lutas em defesa das mulheres, e apoiadora do movimento cultural local, como o evento, ainda em comemoração ao Dia da Mulher.
A pauta de hoje seria a emoção que o show prometia. Na ausência dele, em homenagem à amiga Mara, que hoje vive uma grande dor, republico crônica de 1997  escrita para a página  Mundo Mulher do jornal Alto Madeira.
Menina e Mulher
Nas pontas dos pés para alcançar o espelho, Bia, seis anos, retocou a pintura dos lábios com um batom cor de rosa, concluindo assim, um ritual da vaidade feminina: arrumar-se para sair. Quando o irmão sugeriu que ela ficasse para lhe fazer companhia, retrucou: - imagine se eu vou perder a festa do meu dia! 
Essa menina, tão senhora de si e tão consciente de ser mulher,  é a mesma que , há um ano,  reivindicou presentes no Dia Internacional da Mulher, porque  era menina, mas também  mulher!
No teatro comportou-se como menina e  comeu pipoca doce colorida, lambuzando os dedos e a roupa. Com a coleguinha, com quem rapidamente fez  amizade , fugiu da cantoria do Arte Mulher e foi brincar lá fora. Voltava de quando em vez, na expectativa de ver o  balé anunciado e que não veio.
 Não soube ser mulher para apreciar as vozes, cantos e encantos de Margareth, Roseli, Helena, Alciréia, Nêga;  mas riu como todos , da cubana  rouca e desafinada , que  subiu ao  palco disposta a  soltar a franga, talvez porque estivesse muito  feliz por ser mulher, ou por acreditar que para  festejar seu dia, qualquer maneira de cantar vale à pena.
Quando falaram de mulheres que fazem arte, como Angela Cavalcante, Arlene, Lilia Lobo e Nilza Menezes, a pequena apontou o dedinho para o seu próprio peito, dizendo  que ela também era mulher que fazia arte, certamente lembrando suas travessuras, tantas vezes repreendidas pela mãe: - Já estás fazendo arte? , ou de seus desenhos e esculturas em massinha de modelar , que fazem  o  pai dizer   orgulhoso : - minha filha vai ser uma artista plástica!.
Como na poesia de Cecília Meireles, essa menina, tão pequenina quer ser bailarina. Também não sabe nem dó nem ré e ainda está dando os primeiros passos no aprendizado do bê-a-bá.  Essa menina, tão pequenina, pensa que é  mulher  e como tal, faz arte, se pinta , colore seu mundo criança de sonhos.  Mas quando lhe perguntam , imitando o programa de TV, se o seu relacionamento com o coleguinha é “namoro ou amizade” ela diz ser amizade, porque ainda é criança prá namorar.
Ah! menina, brinca tua inocência de criança, brinca tua vontade de ser mulher, porque,  quando chegar teu tempo de alegrias e dores de anores, saberás que te tornastes mais mulher do que menina. (P&P 10/97)

Um comentário:

  1. A menininha lindinha de outrora se transformou em uma belíssima mulher. Tal mãe, tal filha! Beijos!!

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Por onde andou seu coração?