Minha paixão por ler autobiografias começou, aos 10 anos talvez, quando li "Saudades" de Thales de Andrade. Apesar de ter a idéia de que escrever autobiografia é coisa para "gente importante", sempre que leio uma, mesmo aquelas veladas, em que o autor inventa um personagem que é todinho ele mesmo, me vem a vontade de escrever a minha própria estória, pois ela se assemelha a tantas outras que já li, dessa gente que se tornou “importante”, e que me trouxe tantas emoções com a estória de suas vidas.
Foi assim com Lindanor Celina em "Estradas do Tempo Foi", com Simone de Beauvoir em "Memóires de une jeune fille bien rangé", com Maria Helena Cardoso, a Lelena, autora do livro que inspirou o nome deste Blog, como já contei AQUI !
Não tenho certeza do ano em que ano li o “ Por Onde…” , penso que foi no limiar dos anos 60-70, pois o livro pertencia a Raimunda, nossa empregada, que o ganhou, quando estudante do Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL).
Sei dizer que a leitura desse livro acentuou em mim o gosto por autobiografias. Quando acabou, ficou o gosto de quero mais e a melancolia, como se eu também, tomada pela saudade dos personagens com quem acabara de conviver, ouvisse os passos que ecoavam pela casa e pela memória da autora.
Em busca no google descobri que não estou só e estou bem, acompanhada: os escritores Caio Fernando Abreu e Wilson Bueno (ambos já falecidos) mencionaram a autora e sua obra, em seus escritos:
Escreveu Wilson Bueno:
“… Convivi e freqüentei Maria Helena Cardoso, praticamente até sua morte, aos 94 anos, em 1997, ela, a “irmã sempre”, de Lúcio, que era como Clarice Lispector, também íntima dos Cardoso, chamava a eterna Lelena [...] Lelena era então best seller nacional com um livro humaníssimo e singelo, “Por Onde Andou Meu Coração”.
Leia mais, leia tudo: Aqui! Escreveu Caio FernandoAbreu:
Conheci o Rio de Janeiro em 1968. Tarde demais, pensei na época. Já não havia o Cassino da Urca, estrelas de cinema deixando o decote cair nos bailes do Copa ou reuniões de bossa nova na Rua Nascimento e Silva cento e sete cantadas por Vinícius de Moraes. Troppo, troppo tardi eu pensava em italiano por influência talvez de Gina Lollobrigida, vadiando encantado por Ipanema com Maria Helena Cardoso, a Leleninha, irmã do Lúcio Cardoso e autora de uma das mais belas autobiografias publicadas neste país (Por onde andou meu coração?, quem lembra?).
Leia o texto completo: Aqui! (Para-ler-ao-som-de-vinicius-de-moraes)Quem leu? quem lembra? Deixe seu comentário !
Eu estou escrevendo a minha (em francês) e está "de rosca", mas se Deus quiser daqui pra o final de ano sai alguma coisa.
ResponderExcluir