sexta-feira, 15 de abril de 2011

Era uma vez uma capela - III

Arquitetura e Interiores

Nesta foto observa-se o caminho de pedra mencionado pelo Cel. Daltro

Por ser uma edificação do início da década de 70, caracteriza-se como uma capela contemporânea, uma vez que já não carrega muito dos componentes tradicionais em capelinhas. Sua composição arquitetônica é formada por uma nave única, com capela mor integrada à nave, destacada apenas por um desnível do piso, onde encontra-se a mesa do altar. A moldura das três portas, uma central e duas laterais, são recobertas por azulejos portugueses contemporâneos.

A torre sineira, com 5,5 m de altura, está anexada à fachada lateral esquerda, recuada da fachada principal, e arrematada por um galo catavento em ferro, que serve ao mesmo tempo de decoração e para-raio.O uso de galo como arremate de torres de igreja vem desde a Idade Média, simboliza ao mesmo tempo ao clero a vigilância e lembra ainda o arrependimento de S.Pedro. Além disso, o galo era considerado profeta do tempo e o seu canto afugentaria os maus espíritos e todas as calamidades.

Outras características da contemporaneidade da capela, apontadas pelo arquiteto Gerson Lima, é o telhado com beiral, o embasamento em pedra, assim como o arremate inclinado das paredes da fachada lateral. Tais características remetem à uma arquitetura própria dos bangalôs que, por influência norte-americana, se utilizavam muito no Brasil após a segunda guerra mundial.


O interior da capela é provido também de um altar onde está uma imagem de São Francisco de Assis entalhada em madeira, com 1,20m de altura. Os bancos em madeira de lei, com entalhes na parte superior, foram fabricados pelos militares, na própria marcenaria do 5º. BEC. Possui forro em gamela em madeira envernizada. O piso era em tábua corrida , alternando madeira clara e escura, provavelmente cedro e acapu, pelo que se depreende da coloração observada em fotografias antigas.

Abandono e Transformações

Ao longo de 37 anos a capela já viveu dias de abandono e dias de cuidados com a sua manutenção. Examinando-se fotografias de diferentes épocas, constata-se que foram feitas pequenas modificações que tiraram um pouco do seu charme e descaracterizaram sua forma original. O piso de madeira foi substituído por piso cerâmico, os azulejos do tipo portugueses contemporâneo, assentados no rodapé do altar, assim como o patíbulo em madeira onde se assenta a mesa/altar , também foram substituídos. As luminárias do interior, em ferro e vidro, foram substituídas por outras de material plástico.

São duas as mais lamentáveis perdas: o caminho de pedras que cruzava o caminho principal formando o símbolo da cruz (como mencionado no pronunciamento do Cel. Daltro) já não mais existe , as pedras que formavam os braços da cruz, há muito tempo foram retirados, segundo o depoimento de um dos pioneiros, sem saber precisar exatamente quando.

A pedra fundamental é uma tradição da construção de igrejas. Todas elas possuem uma, e só se celebra missa quando ela está presente. Inexplicavelmente, sumiu a pedra fundamental da capelinha, que fora assentada, naquele 09 de março de 1972 no exterior, ao lado direito do braço da cruz em pedras.

Detalhes depois da reforma feita em 2009 pelo Cel Viana.

No início de março de 2009, observando-se a capela de longe, poderia observar o seu mal aspecto, com os rebocos das paredes laterais descascados , pintura apagada e o mato crescendo alto em seu entorno. Ainda naquele mês, foi iniciada uma pequena reforma na qual foi feita a restauração do forro e telhado, a construção de um lavatório na sacristia, a instalação de quatro ventiladores, somando-se aos três já existentes; e a pintura interna e externa da edificação que pela primeira vez ganhou cor azul, inovação que não foi bem aceita por algumas das pessoas a quem mostramos as fotografias recentes da capela, e que disseram preferi-la na tradicional cor branca.

(No alto da colina uma bucólica capelinha - Parte 3-5. Continua no próximo post)

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